sexta-feira, 20 de abril de 2012


Naquela manhã abri os olhos e não reconheci o teto, o quarto bagunçado e a cama. As roupas espalhadas pelo chão e o pacote de camisinha aberto me sugeriam que a noite anterior havia sido boa. A amnésia alcoólica não servia mais como desculpa,  era verídica, e a cada fim de semana eu acreditava mais que a bebida era minha inimiga.
Procurei o pedaço de roupa mais perto de mim, e não foi tão difícil no amontoado de roupas que havia no pé da cama.
Pus uma camisa dele e levantei da cama;  Felizmente o banheiro era ao lado do quarto e não precisei pagar o mico de sair pela casa procurando por ele.
Mas, o fato mais importante e intrigante da minha aurora era: com quem eu havia ido pra cama? Essas coisas acontecem, vez ou outra, você acaba se deixando levar pela situação, pelo momento, esquece de dizer não e quando acorda não sabe onde está.
O carinha apareceu na porta do quarto com um comprimido pra ressaca, que eu tomei apesar de não estar me sentindo mal, e um copo de café, que é sempre bem vindo.
Ele não era feio não, graças a deus, mas eu não fazia idéia de quem ele era.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Conformada

Todo mundo tem aquela fase na vida que nada mais faz sentido. Eu tenho isso direto. Basta as coisas começarem a  dar errado eu já penso na minha saída estratégica. Não que eu me gabe disso, mas é uma maneira minha de superar a decepção.

Agora eu recomecei pela, sei lá, quinta vez no ano, tudo de novo.
Mas agora o sentimento é mais calmo, sem pressa de estar certa ou de encontrar o meu caminho. Eu posso dizer que estou, conformada.

terça-feira, 26 de julho de 2011

A menina da cadeira ao lado

Entrei no ônibus. Um trânsito absurdo. E a única cadeira disponível era lá no fundo, lá no canto, lá do lado daquela menina. Entre um livro e um esbarrão, consegui sentar naquela cadeira meio isolada do mundo.
Não tardou muito para que o cansaço pesasse em minhas pálpebras e antes que pudesse perceber, já me encontrava num lindo sonho onde a menina da cadeira ao lado me fazia um cafuné gostoso.
Abri os olhos assustado, coração acelerado e olhei de soslaio pro lado. Minha cabeça pendia no ombro dela. Mas a minha menina, das mãos delicadas, já estava com os olhos fechados; e que lindos olhos fechados ela tinha!
Olhei pra frente, de cabeça erguida, segui meu rumo. Porém, a fada do sono já havia passado por aqueles bancos. Meus olhos se fecharam de novo e não os forcei a ficarem abertos. Porém, a cabeça temia em cair na direção aqueles lindos ombros cobertos com uma blusa social branca, cujo os primeiros botões abertos deixavam á mostra um lindo decote. Seios pequenos, redondos, cobertos por um sutiã preto rendado. Quis que minha cabeça caísse no meio deles.
Abri os olhos e nossas cabeças estavam se apoiando. Ela também acordou nessa hora e olhamos pra frente meio sem graça. Minha menina vestia uma saia preta que cobria até metade da sua coxa grossa. Ela devia estar com frio pois seus pelos claros, quase imperceptíveis, estavam arrepiados. Me imaginei esquentando aquelas pernas, elas se cruzando pelo meu corpo, seu ventre se encaixando em mim. E cobri o colo com a mochila.
Encantado pelo seu sexo, que já imaginava eu, ser o melhor de todos, fechei os olhos querendo dormir naquelas coxas. Com a cabeça pertinho daquele lugarzinho onde as pernas se encontram. Talvez colocasse minha boca ali, sentisse seu calor e fizesse ela gozar em meus lábios.
A menina abriu um sorriso. Será que pergunto seu nome? ou será muita audácia minha? Estou despindo a bela adormecida nos meus sonhos, olho pra ela e vejo-a nua. Ela olha pra mim e comenta " tá frio né?!" Na minha falta de jeito, desbundado com sua voz só sou capaz de dizer "hã..."
Sua voz soou como canção nos meus ouvidos. Simples, meio rouca, tímida, imagina ela sussurrando na minha orelha "me possua". Fiquei atônito, fui incapaz de dizer algo melhor, hipnotizei.
O trânsito é uma merda.
Nossas cabeças voltaram a se apoiar, mas dessa vez eu deixei e ela também. Fomos assim por algum tempo, não tive coragem de perguntar seu nome, pedir seu telefone ou permissão para dormir em seu colo, fui até onde ela permitira. Dormimos juntos, eu fazia questão de me enganar, me deliciando com os últimos instantes da princesa.
Minha menina despertou e foi embora muito antes do meu ponto. Se despediu com um meio sorriso e desceu do ônibus. Desolado, apoiei a cabeça no vidro, já não tinha tanto sono, mas dormi a minha parte da viajem sozinho.
Nunca mais a vi, nunca mais nos encontramos, mas tudo bem, eu sonho com ela todas as vezes que entro no ônibus.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Torta de limão

Era um casamento chato. Ventava muito. A felicidade transbordava dos olhos das pessoas e eu estava sentado naquela mesa sozinho.
Ninguém me perguntava como eu estava ou dizia ter saudades de mim.Eu era apenas um amigo do noivo, sem namorada, sem amiga, sem companhia; e não me incomodava com isso.
As crianças brincavam de pega-pega, corriam pelo campo. A festa era atrás da igreja.
A comida era mais ou menos, a bebida era alcoólica e as crianças correndo ao redor da minha mesa já estavam me irritando.
Até uma delas sentou na cadeira em frente a minha.
Seu rosto era infantil, a maquilagem borrada da correria das brincadeiras. Seus olhos exalavam um certo ar sensual, e ela me olhava me analisando, como se fosse um teste pra saber se eu merecia ter aquela pequena imagem na minha mesa.
O vestido dela parecia um bolo fofo, os pés estavam descalços e sujos de terra.
A menina abriu um sorriso. Acho que fui aprovado.
As mãos pequenas e estabanadas puxaram as várias camadas do vestido pra cima, ela apoiou uma perna na cadeira e eu pude sentir meu corpo arrepiar.Deixara a mostra uma perna inteira de inocência, e sou olhar lascinante começava e me incomodar.
Ela estava me provocando, a alça do vestido bolo caiu e ela me olhou, como se perguntasse, " quanto tempo vai aguentar tio?"
Os garçons passaram com a sobremesa, torta de limão. Eu peguei um pedaço pra mim e outro pra minha Lolita.
Ela passou os dedos na cobertura e os lambeu. Seu rosto ficou sujo num canto e eu queria limpá-lo com a boca.
Naquela altura do campeonato eu queria arrancar as várias camadas que cobriam o corpo delicioso daquela ninfeta. Que comia o recheio da torta olhando pro meio das minhas pernas. Eu olhava pros lados meio desconfiado, com medo de que alguém visse, mas era como se de repente tivéssemos ficado invisíveis.
Minha menina era o recheio da minha torta. E eu queria passar direto pela cobertura e comê-la ali, na mesa.
E senti meu pau ficar duro.

Eu não sei o que minha Lolita queria, e nunca saberei, na hora que ia puxar sua cadeira pra perto da minha, pois, já imaginava sua vagina, pequena de menina, toda molhada e queria por meus dedos nela, estar entre seu ventre e vê-la gozar e gritar num orgasmo extraordinário, bem nessa hora, sua mãe a chamou de longe e minha ninfeta olhou pra mim, sorriu, deu um beijo na trave e foi embora, levando com ela meus sonhos perturbados de possuí-la.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Vez.

Era uma vez uma menina. E ela já não existe mais. Era uma vez um reino, e ele já não existe mais.
Era uma vez sonhos que estavam virando realidade, mas eles viraram pó no tempo. Era uma vez desejos de carne, mas eles já não fazem mais sentido. Era uma vez um sentimento, mas ele já não era mais real. Era uma vez lágrimas, e elas evaporam no ar. Era uma vez risos, e eles perderam o som. Era uma vez um príncipe que virou sapo. Era uma vez um cavalheiro que caiu do cavalo. Era uma vez uma patinho feio que virou cisne. Era uma vez uma menina, ela já não existe mais, porque virou mulher. Era uma vez e outra e outra e outra.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A vida continua

Já se viu num beco, achando que não tinha saída? bom, todo mundo já sentiu isso na vida.
Eu vejo isso o tempo todo, mais do que queria na verdade.

Minha terapeuta, sim, porque agora eu vou á terapia...disse que tudo isso foi porque cresci rápido demais..
Minha cara de espanto não foi tão grande, nem fiquei muito surpresa, na verdade, achei muito estranho que ela tenha falado isso pra mim. Eu realmente sempre achei isso, mas como sempre dizem que estou errada, fiquei surpresa quando vi que, bem, talvez não estivesse.

A gente acha que a vida passa rápido, até perceber que é rápido quando aproveitamos a vida, quando deixamos que ela passe reto pela gente, demora mais a passar.
É um pouco confuso, mas você vê, já estamos no meio do ano né?! Pra mim, passou rápido, mas eu aproveitei cada minuto desse ano, aliás, ano passado também passou rápido.

Mas, algumas coisas não mudam, por exemplo, 2010 eu odiava a faculdade de direito, 2011 eu odeio não ter emprego. Eu realmente odeio ficar em casa fazendo nada. Odeio mais ainda ver todo mundo andando na vida e eu, que já percorri tanta estrada, estou agora aqui, parada.
Ok, arrumar um estágio na minha área não é fácil, mas não sair do lugar não dá.

É muito confuso começar uma terapia, você fica meio perdida, não sabe exatamente se quer falar pra pessoas o que você ta aprendendo sobre você ou se é melhor ficar calada.
Bate um certo medo do tipo, "será que eu sou tão problemática assim?", uhasuahushas
Meio que esquecemos que todo mundo tem seus problemas, mas, bem, eu fico achando que tenho mais do que as pessoas que me cercam, um exemplo?? meu namorado.
Eu posso mesmo crer que mesmo tendo um zilhão de problemas, inseguranças, neuroses, ele vai ficar comigo? Porque, quem quer uma menina de 20 anos com tanto problema?
Ninguém quer.

Eu fico pensando, aprendi que a melhor coisa é falar, foi ele que me ensinou, mas eu posso falar tudo?
ou existe um limite? jamais mudaria ele, sua essência, por isso que namoro com ele, pela maneira como ele vê o mundo, tão diferente de mim.
Mas ás vezes me incomoda, tanta perfeição e me irrita profundamente ser a única a ter problemas sérios nesse relacionamento. Afinal, eu acabo sendo a causa das nossas brigas, quase todas as vezes.
Então, no auge da minha confusão mental, eu entrei em depressão.

Pensei em terminar o namoro, mas eu amo esse menino.
Pensei em me matar, mas eu sou meio espírita, meio católica e em nenhuma das duas religiões o suicídio é bem visto.
Enfim, levei o caso á terapeuta.

E o que ela disse? bem, tá ai. Que viver um romance perfeito foi exatamente o que me levou a me apaixonar pelo meu namorado, que não é errado viver a de forma tão "conto de fadas". Que é claro, que a vida vai acabar trazendo a realidade e que nem sempre o nosso romance será perfeito, mas então, eu entro nessa hora e mostro que viver de forma real, com altos e baixos, não é tão ruim.

Bem difícil isso tudo. Aceitar é muito difícil. Tanto pra mim quanto pra ele.
Mas é assim mesmo. A gente procura ajuda, escuta o as pessoas têm pra nos dizer, temos a opção de seguí-las ou não, as vezes conversamos, outras vezes choramos, outras brigamos, mas no fim, a vida sempre continua...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Isso me mata

Hoje me vi numa encruzilhada, sem saber qual dos caminhos seguir. Eu posso dizer que te amo mas não quer dizer que aceitarei tudo que vier de você. Fico calada muitas vezes por não saber como me comportar, se falar pode ser melhor ou não. Tento na verdade, resolver tudo sozinha, porque assim eu ponho o sentimento em menos risco.
Mas hoje eu vejo que não importa, a corda pra me enforcar está sempre ali, basta eu querer pegá-la. Hoje eu peguei. Talvez seja radical minha exigência, mas é apenas uma em milhares suas. Não me abandone, me prove que eu estou errada, não me deixa novamente, sem saber o que fazer.
A gente sente arder o coração quando sabemos que não há muito uma saída perfeitamente estratégica e vemos que não faz diferença amar muito ou pouco, complica só de saber que é amor. Aí o que fazer quando eu me decepciono com as suas atitudes? Deixar de te amar? esquecer que te amo? Eu termino esse namoro?
Se as minhas palavras forem duras, não porque eu quero ser dura com você, mas porque meu coração nesse momento está fechado...o que você fará? me amará ainda? compreenderá que estou desesperada?
Posso estar desesperada? é permitido isso num relacionamento? é normal?
Medo. Medo de sentir isso tudo de novo, medo de não saber o que fazer se você...
Porque é tão difícil amar alguém?
Você tanto diz pra eu me entregar sem medo, sem pensar, que você fará o mesmo. E se a escolha não for uma opção? entenderia? se me raptassem, me procuraria? cobriria o resgate? Me perdoaria?
Eu não sei o que eu faço, visto que me vejo numa situação semelhante, me sinto perdida. Não sei se estou cometendo os mesmos erros ou se estou fazendo diferente. Na verdade eu só quero um fim melhor, feliz, sem arrependimentos.
Arrependimentos, me desculpe por tudo.